terça-feira, janeiro 30, 2007

Daisi Braz - Secretária Executiva da Bechtel

Normalmente ela vai trabalhar de bota de cano longo e salto alto, por causa do perigo de cobras e outros animais rasteiros; e de saia longa e chapéu, devido ao calor e sol constantes. Não estamos falando da esposa do Indiana Jones, mas de Daisi Braz, secretária executiva da Bechtel, multinacional de origem americana que tem na construção civil e engenharia uma de suas especialidades.

Paulistana com mais de 20 anos de profissão, Daisi aceitou participar de uma experiência que seria, no mínimo, inusitada: ser a secretária responsável por assessorar os executivos do mais novo projeto da Bechtel, que envolve a construção de uma barragem para uma usina hidrelétrica que será instalada em Itiquira, cidadezinha do Mato Grosso que fica a 70 km do Pantanal e uma hora de distância de Rondonópolis, que é uma cidade maior e se parece pelo menos um pouco com o estilo urbano das capitais.

A profissional conta que tudo começou quando ela, desempregada, resolveu passar uns dias descansando em Paulínia, no interior do Estado de São Paulo. Lá ficou sabendo que havia uma vaga para secretária em uma empresa multinacional, mas que seria preciso passar um certo tempo no desenvolvimento de um projeto no Mato Grosso. "Tenho mais de 40 anos e sei como é difícil arrumar trabalho nessa idade, muitas pessoas não valorizam a sua experiência, por maior que ela seja. Estava mesmo precisando trabalhar e aceitei a proposta da Bechtel, mesmo sem saber como seria esta nova vida", explica Daisi.

A secretária já está há seis meses no projeto, que tem outros 1.300 colaboradores e termina em dezembro deste ano. Daisi executa todas as atividades referentes à secretaria e assessoria aos executivos, como agendamento de reuniões e viagens, contatos telefônicos, arquivamento e gerenciamento de informações, traduções, entre outras. Seu chefe direto é um executivo canadense e ela explica que os profissionais estrangeiros são muito mais fáceis de lidar que os brasileiros. "Eles são muito mais práticos, não ficam preocupados com a imagem ou com a opinião dos outros. Se preciso escrever um memorando, por exemplo, o brasileiro vai querer a mensagem escrita em letras douradas em papel especial, já o estrangeiro quer apenas a mensagem escrita, seja ela em um guardanapo ou em um papel timbrado", comenta.

Como ela se sente em um ambiente como esse? "Parece um canteiro de obras dentro da floresta", brinca a profissional. Ela conta que não se sente oprimida pelo fato de ser minoria na equipe, já que pelo menos 95% dos funcionários são homens. "Eles cuidam de mim como se fosse uma irmã, não tenho problema algum em ser uma das únicas mulheres do grupo". Como a barragem está sendo construída em uma área afastada da cidade, foi construída uma pequena "vila" para os profissionais que estão trabalhando no projeto, com chalés e uma pequena praça ao centro, onde são realizados os churrascos que, segundo Daisi, são freqüentes. Muita gente tira os finais de semana para passear um pouco na cidade e ir ao shopping, uma das únicas diversões da pequena Itiquira.

Para compensar tamanho sacrifício, os funcionários têm alguns benefícios extras, como um bom salário, todas as despesas referentes ao deslocamento pagas pela empresa e também o direito de ir visitar a família em São Paulo, uma vez por mês, durante quatro dias. "Gosto muito do que faço. Com o tempo você vai adquirindo tanta experiência que o foi problema ontem, hoje já não é mais. Acredito que, acima de tudo, a sua necessidade faz você driblar as dificuldades e ter arrojo para seguir em frente", conclui ela, em meio a cobras, lagartos e executivos estrangeiros.

(Camila Micheletti)

Fonte: www.empregos.com.br
(Publicada em set/06)

***Para saber mais sobre a empresa Bechtel, visite: www.bechtel.com

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