quarta-feira, setembro 26, 2007

Secretária: Rompendo Barreiras


Comemora-se em 30 de setembro o Dia do Secretariado, profissão que passou e continua passando por grandes transformações dentro da área de atuação. Antes encarregada de funções basicamente operacionais, a secretária é hoje um importante agente de mudança dentro da empresa. “A profissão mudou drasticamente. Passou de função feudal, em que só fazia o que o chefe mandava, a uma relação de parceria, em que é avaliada por valor agregado”, afirma Stefi Maerker, diretora da SEC - Secretary Search & Training, consultoria especializada em recrutamento, seleção e treinamento de secretárias. Ela se diz bastante contente com os novos direcionamentos da carreira. “De repente, as secretárias passaram a ser parte da equipe, gerar resultados, a serem cada vez mais atuantes”.


As instituições de ensino também tiveram de se adaptar a tais transformações. O Senac, por exemplo, oferece cursos de secretariado desde 1959. Em 98, os coordenadores dos cursos decidiram mudar a grade curricular após constatarem, através de pesquisas de mercado, as grandes mudanças no papel do profissional. “Hoje, a secretária precisa ter noções de gestão empresarial, assessoria de executivos, liderança de equipes, entre outros”, diz Cristiane Baziotto Vega, coordenadora dos cursos técnicos, cursos livres e supervisora educacional da unidade Senac 24 de maio.


Muitos concordam que, atualmente, o profissional está mais próximo de ser um assessor do chefe do que atuar como uma secretária tradicional. Luciana C. Heinz, diretora do grupo de secretárias da AAPSA (Associação dos Administradores de Pessoal), afirma que gerencia custos, faz sugestões, propostas, ou seja, realiza funções estratégicas dentro da empresa. Por todas essas características, ela lembra que algumas pessoas ainda confundem as funções, mas “secretária não é recepcionista”. E também comenta a questão da ética dentro do ambiente de trabalho, já que as secretárias atualmente têm acesso a inúmeras informações do chefe. “Somos o canal de comunicação dele, por isso acabamos até sabendo de coisas de que não gostaríamos”. Neste caso, a postura mais adequada, segundo ela, é uma distância polida. “Você não ganha nada se metendo em assuntos que não dizem respeito ao seu trabalho”.


Conheça um secretário

A imagem do profissional de secretariado sempre esteve associada à figura feminina. Estigmatizada, a profissão abriga pouquíssimos homens. Para Patrícia Tinguely, vice-presidente de profissões segmentadas da AAPSA, “cabe aos próprios homens quebrar o preconceito e criar essa abertura no mercado”. É o caso de Fernando Aguiar Camargo, que faz de sua particularidade um diferencial positivo. Estudante do primeiro ano do curso de secretariado, ele diz que começou a carreira como office boy de uma clínica médica, foi promovido a recepcionista e, mais tarde, seu chefe sugeriu que assumisse o posto de secretário. Hoje, além de atuar no local onde iniciou a carreira, ele também gerencia outra clínica médica. “Na hora de prestar vestibular, fiquei indeciso, mas acabei me identificando com o curso. Estou tendo noções de gerenciamento, marketing, línguas, e o secretário tem que saber de tudo o que acontece na empresa”.


Em relação ao preconceito dentro da área, ele afirma que existe tanto por parte dos homens quanto vindo de algumas secretárias. “Sinto que algumas mulheres pensam que estou lá para tomar o lugar delas. Mas depois me conhecem melhor e se acostumam com a presença de um homem”. Além disso, sabe muito bem como aproveitar suas características masculinas dentro do ambiente de trabalho. “A maioria das mulheres é muito emotiva. Já o homem é mais prático, consegue separar mais coisas. Procuro sempre equilibrar a inteligência emocional com a razão”. Bastante entusiasmado com o futuro da carreira, diz que pretende fazer pós-graduação na área e até, quem sabe, virar palestrante e ajudar outras pessoas na mesma posição. Ele também acredita que “os secretários estão um passo à frente para se tornarem chefes do que outras funções, por causa da grande proximidade com os assuntos da empresa".


(Por Clarissa Janini)


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