sábado, dezembro 01, 2007

Planejamento vira prioridade profissional


Capacitação técnica e pessoal, experiência em diversas áreas e empresas e autoconhecimento. Esses são apenas alguns fatores que devem estar presentes na difícil tarefa de elaborar um plano de carreira em um mercado de trabalho competitivo.


Como as chances de ascensão vertical são restritas, e a rotatividade, alta, os profissionais procuram fortalecer suas habilidades e acumular experiência."Os executivos preferem trabalhar em empresas que ofereçam boas condições para o crescimento profissional e capacitação técnica e pessoal", explica Vânia Lage, gerente de "executive search" da consultoria KPMG.


Uma pesquisa realizada pela consultoria com 150 executivos de grandes empresas, 80% delas multinacionais, mostra que 37% desses profissionais dão mais valor ao plano de carreira com remuneração variável, e apenas 3% dos entrevistados colocam o salário fixo como prioridade central.


Outros aspectos, como benefícios e boas condições de trabalho, também ficaram atrás da valorização do plano de carreira. A consultora ressalta, porém, que o conceito de plano de carreira vem mudando rapidamente nos últimos anos. Atualmente, o profissional é o principal responsável por sua elaboração.


"Quando saí da faculdade, tinha várias opções para ganhar mais, porém escolhi a empresa e a função que me ajudariam a crescer na área que havia escolhido", conta o administrador Ademar Bueno, 32. Depois de se formar em administração de empresas pela Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, ligada à Fundação Getúlio Vargas), em 1997, ele foi trabalhar para o grupo DPaschoal. Seu interesse era ingressar na Fundação Educar, entidade que é mantida pela empresa.


Como trainee, Bueno teve a oportunidade de passar por diversas áreas do grupo, além de ganhar experiência em atividades do terceiro setor, conforme planejamento que havia feito antes de sair da faculdade. Hoje o executivo tem a sua própria empresa, a Neurônio, que é especializada em treinamento com o objetivo de incentivar a responsabilidade social e o voluntariado nas companhias.


O executivo Roberto Thiele, 36, também preferiu optar, algumas vezes ao longo de sua carreira, por uma remuneração fixa um pouco menor, em troca de uma posição que estivesse mais direcionada ao seu planejamento profissional.
Logo no início, quando terminou a faculdade no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ele diz ter recusado propostas atraentes do ponto de vista financeiro para trabalhar na área de engenharia. Acabou aceitando um convite do Citibank.


"Queria complementar a minha formação atuando nas áreas de finanças e de marketing, o que não tinha sido possível durante a faculdade", comenta Thiele.Depois de três anos, ele conta que deixou a carreira promissora na área financeira para trabalhar com uma antiga paixão -os aviões, passando a vender jatos para o grupo Mesbla.


Com a crise que atingiu o setor a partir de 1992, ele deixou a área de aviação e entrou para o ramo de telecomunicações, onde trabalha até hoje. Thiele passou por algumas empresas do segmento, tendo no currículo a posição de diretor de marketing da BCP. Atualmente é o principal executivo de uma empresa norte-americana, a Genuity, que prepara sua chegada ao Brasil.


"Estou próximo daquilo que tracei para a minha carreira: trabalhar em empresa de alta tecnologia, ter uma boa remuneração, dispor de tempo livre para a família, para o lazer e para o trabalho voluntário e morar no Rio de Janeiro, perto da natureza." Por enquanto, completa Thiele, dessa lista só falta conseguir o tempo livre para a família.


(Folha de S. Paulo - 19/08/02)

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